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Maíra e Matheus

FOTO: DAYANA LUIZA

Relato de Parto (por um pai)

Me chamo Matheus e gostaria de compartilhar com vocês sobre um dos dias mais incríveis da minha vida, como pai, como homem, como ser humano.
Espero que recebam com muito carinho essa nossa história, da nossa família!
Prepara o coração! ?

Na famosa virada de lua, no dia 24 de agosto, às 09h00 de uma manhã bastante fria, acordei com minha esposa me dando a tal notícia: “perdi o tampão”. Maíra me mostra (pra confirmar, né? rsrsrs… porque a gente nem acredita que chegou a hora), nos olhamos e entendemos que um maravilhoso capítulo estava para começar!

Eu, músico, tinha um evento fechado para tocar exatamente neste dia, mas havia deixado um violonista substituto caso eu tivesse que me ausentar.
Pensamos juntos e decidimos que eu poderia ir trabalhar e retornar no final do dia.

Maíra sentia cólicas, mas ainda sem ritmo. Fui trabalhar com o coração e a cabeça nas minhas meninas… mas graças a Deus, minha sogra esteve presente dando um suporte incrível na minha ausência! Além dela, algumas amigas próximas e a nossa doula-amiga-irmã Cláudia (@claudiaflordeamor) estiveram com a Maíra na minha ausência: conversaram, distraíram e a levaram para caminhar pelo bairro, durante esse início do tão esperado trabalho de parto… o que me deixou bem mais tranquilo.

Meu compromisso acabou às 17h00 e fui correndo para casa. Ao chegar, alguns móveis já estavam afastados e tudo estava sendo preparado para a chegada da nossa amada Antonia, nossa primeira filha.

As contrações chegaram (e chegaram, inclusive, enquanto a Maíra estava na padaria comprando queijo, rsrs). Já em casa, apenas um pouco de tempo depois, auxiliada pela nossa doula (@claudiaflordeamor), a Maíra já sentia tudo acontecendo com muito mais intensidade.

No chão da sala, ela fazia os movimentos “treinados” com a doula. As famosas contrações já estavam chegando com mais intensidade e com intervalos cada vez mais curtos. 20h00 e estamos na fase latente: velas acesas, muita aromaterapia, todo terreno preparado com a nossa cara! Eu, Cláudia e Maíra consagramos três doses do Santo Daime (religião da Maíra), e acreditamos que isso nos deixou bastante conectados durante todo o trabalho de parto.

Com 35 semanas de gestação da Maíra, escolhemos quem iria nos acompanhar na jornada do nascimento da nossa menina, já que gostaríamos de um parto na nossa casa. Buscamos toda a orientação e assistência da Equipe Quatro Apoios, com forte referência em Parto Domiciliar aqui de Curitiba, e desde as 36 semanas da gravidez, nos sentimos muito bem auxiliados e acompanhados por essa equipe incrível.

As enfermeiras obstetras da Equipe Quatro Apoio logo chegaram, prestando total apoio para a Maíra. O relógio já marcava 21h30 e as contrações seguiam ainda mais fortes. Tudo sendo super monitorado, o que nos deixava bem mais seguros, mesmo com toda a ansiedade e energia incríveis que nos envolviam.
Minha esposa estava bem, e ainda conseguia conversar conosco… mas já era notório que sentia dores bem mais intensas. O mais incrível, é que isso não a abalava… continuava forte e segura. Uma imagem que jamais vou esquecer dessa mulher incrível…

Estamos todos concentrados ali, naquele momento, sentindo, percebendo e sendo muito bem cuidados por toda a equipe. Perto das 22h00, recebemos nossa querida amiga e fotógrafa Dayana Luiza (@dayluizafoto). Detalhe importante: esse seria o 1° parto que ela assistiria, na linda missão de registrar cada momento! Percebi que ela estava um pouco preocupada, pela importante responsabilidade, e ao mesmo tempo, estava muito feliz por estar ali, vivenciando toda aquela magia!

Meia-noite, “vira a banda”: fase latente, 6/7 de dilatação, gritos mais fortes, um pouco de medo, contrações ‘a todo vapor’! Todos muito discretos e compenetrados. Haja emoção… haja coração!

Maíra entrou no chuveiro por duas vezes neste tempo, pois lá sentia um pouco de alívio e, sozinha, conseguia se conectar com a Antonia. Um poder do ser mulher, de reunir forças, de se concentrar na jornada do fazer nascer.

Das 2 às 7 da manhã, do dia 25/08, o cansaço já era imenso. Confesso que me sentia um pouco desnorteado e atado por não poder dividir aquela dor. Fazia muito frio. Maíra já não conseguia conversar, pois estava exausta pelas longas horas de trabalho de parto. Continuamos insistindo, com fé, pois era o que queríamos.

8h00 da manhã, a enfermeira obstetra Aline, da Equipe Quatro Apoios, após o último “toque”, avisa que estamos com 9 de dilatação. Estamos na famosa partolândia! Corpo cansado, mente atrapalhada, mas firme para dar suporte para a Maíra, que agora se encontrava num estado de força, choro, cansaço, sem dormir a mais de 20 horas!

Pensamentos circundam quase como uma desistência… Preocupação: descobrimos que a Antonia estava com o rostinho virado para o lado e que era preciso girar um pouco, para entrar no expulsivo e finalmente nascer! Então, Maíra é levada para fora de casa, no quintal, para fazer alongamentos muito intensos (para a atual condição). Mais gritos, mais força, agacha, levanta, anda, dança e balança. Mamãe foi incansável, corajosa e determinada. E eu, já nem sabia como estava me sentindo.

Passam das 11h00 e voltamos para dentro de casa. Após mais alguns exercícios de agachamento, novas posições, mais caminhadas e reboladas, o grito da mamãe muda: uma força ainda maior tomou conta dela. Aparecem as enfermeiras e ajeitam tudo com calma: Maíra troca de posição e temos a ótima notícia que a Antonia virou o rostinho para a posição correta e entramos na fase final!

Então, Maíra é levada para fora de casa, no quintal, para fazer alongamentos muito intensos (para a atual condição). Mais gritos, mais força, agacha, levanta, anda, dança e balança. Mamãe foi incansável, corajosa e determinada. E eu, já nem sabia como estava me sentindo.

Passam das 11h00 e voltamos para dentro de casa. Após mais alguns exercícios de agachamento, novas posições, mais caminhadas e reboladas, o grito da mamãe muda: uma força ainda maior tomou conta dela. Aparecem as enfermeiras e ajeitam tudo com calma: Maíra troca de posição e temos a ótima notícia que a Antonia virou o rostinho para a posição correta e entramos na fase final!

Consegui enxergar a bolsa através de um espelho. A Maíra estava de cócoras – a melhor posição que encontrou e escolheu para nossa filha nascer. Neste momento, de uma maneira incrível, o cansaço passou, a mente voltou ao lugar!
Como se o corpo e o espírito se preparassem para o tal aguardado momento.

Eu respiro fundo (quase parece que preciso de ajuda também…rsrsrs). Meio dia, mamãe concentradíssima e muito firme. Minha filha coroa, círculo de fogo, faço carinho em sua cabecinha, esperando ansiosamente ela sair. 12h10, no embalo de gritos poderosos, Antonia nasce em meus braços!

Maíra me autoriza a pegá-la e logo em seguida passo para o colo dela, para o momento pele a pele. Todos aos prantos! Acho que a emoção que segurei durante todo o momento foi jorrada ali quando ela nasceu. Tive que respirar fundo e voltar a mim, para cuidar da Maíra, após todo o processo dolorido e intenso que ela passou!

Dia 25 de Agosto, 12h10, nasce a virginiana Antonia com 3,2 kg e 46 cm, depois de mais de 15 horas de trabalho de parto, na nossa casa! O sentimento que tenho é de muita gratidão por todas as mulheres presentes neste momento feminino de muita força, onde me senti apenas um mero fecundador, um ser tão pequeno. É indescritível!

Meus parabéns a todas às mulheres: dedico este parto a vocês que nos geram, nos nutrem, nos cuidam e tanto nos ensinam. Parabéns Maíra Nery, você tem uma força que eu não conhecia!

Obrigado Equipe Quatro Apoios, pela calma e paciência; a grande experiência de vocês foi essencial! Obrigada Claudia, Dayana e minha sogra Elaine.
Obrigada medicina do Santo Daime e a todos os protetores e protetoras. Que esta criança seja abençoada, que traga muito amor para esse mundo e que seja guerreira como sua mãe foi e é!