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Juliana e Handerson

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

A minha terceira gestação, a mais inesperada, a maior surpresa para nós!

Desde o momento em que eu soube da gravidez, depois daquele misto de sentimentos que tomam conta da gente, quando as coisas finalmente se acalmaram dentro de mim e comecei a pensar no nascimento, só conseguia pensar no parto domiciliar planejado!

Já havia tido as 2 experiências: a do hospital, em que a parturiente passa a ser a paciente e por vários motivos e pressões acaba tendo uma experiência cheia de intervenções, e ainda, no final, dificilmente escapa de uma “desnecesárea”.
E a experiência do #partodomiciliarplanejado, em que a gestante é a protagonista do seu parto.

E sim, é claro que eu gostaria de parir (com muito prazer, eu diria) no conforto e segurança do meu lar novamente! Assim que tivemos o positivo e assimilamos aquela nova situação que estávamos vivendo, com fortes emoções, pois já tínhamos 2 filhas – Yasmin então com 4 anos e a Luana com 1 ano e meio), antes até de contar para os familiares e amigos, entramos em contato com a Enfermeira Obstetra que esteve presente no Parto Domiciliar da minha segunda filha, Luana.

Ela fazia parte de um grupo de EO´s que atende Parto Domiciliar Planejado, daqui de Curitiba, a Equipe @quatroapoios. Eu já acompanhava o trabalho delas, conhecia 2 integrantes do grupo, sabia da competência, da experiência e do amor com que exerciam sua linda profissão.

Garantimos a data com as nossas parteiras urbanas, um passo muito importante e tranquilizador para nós. Gestação dentro da normalidade, acompanhamento pré-natal sinalizando tudo certo com mamãe e bebê.

Na semana que completaríamos 39 semanas de gestação, teria um evento astronômico muito forte. Eu já sentia que aquilo tinha muito a ver comigo e com a Isis. Tinha uma intuição com relação a isso, como se a 3a princesinha que trazia em meu ventre se comunicasse comigo sobre sua data escolhida.

Chegou o dia esperado, uma sexta-feira, estávamos de 39 +5, dia de eclipse lunar, lua cheia, superlua de sangue. E teve até chuva de meteoros nesse dia.
Uauuu! ?

Ficamos em família assistindo a esse evento e foi lindo, muito lindo! Como de costume, fui colocar as meninas para dormir e acabei dormindo também.
Acordei, às 22h30 sentindo o líquido da bolsa, que havia rompido.

Levantei, contei ao meu esposo, Handerson e calculamos, com base no parto natural anterior que havíamos tido, que até o final da tarde de sábado Isis nasceria. Atualizei a nossa EO de plantão do Grupo Quatro Apoios. Como não estava sentindo nada, achamos que a avaliação pela bolsa rota poderia esperar até o outro dia e que eu deveria descansar o quanto pudesse. Foi assim que dormi até as 3h30 da manhã, quando fui acordada por contrações fortes e não consegui mais ficar deitada.

Abri um aplicativo de contrações e comecei a cronometrar. Estavam muito fortes, porém espaçadas. Comecei a caminhar, fui ao banheiro já com náusea às 04h30. Meu esposo também acordou e ficou comigo. Todas as posições estavam ficando desconfortáveis: comecei a pensar que já poderia estar mais adiantado o processo do que eu imaginava, do contrário, eu pensava, ‘acho que não vou aguentar não’… rsrs. ?

Quando o dia começava a amanhecer fui pro chuveiro, era por volta de 5 horas e já estava na partolândia, caminho sem volta esse (rsrs). Já não queria conversar, nem interagir, só sentir, esperar… e cada contração era muito forte, muito intensa, sentia uma pressão que não consigo descrever, como se tudo dentro de mim estivesse sendo empurrado para baixo.

Tive algumas vivências com minha filha nesse momento, de olhos fechados, eu conversava com ela na minha mente e ela me respondia com gestos e com o olhar, como se fosse um sonho lúcido, e que se confirmava a sensação que eu tinha dentro de mim, que o eclipse lunar a traria para os meus braços. ?

O Handerson fez contato com a Cibele, me descreveu “monossilábica”, com contrações fortes e intervalo curto. Ela entendeu que o momento não era apenas de uma avaliação de bolsa rota, mas de trabalho de parto mesmo, que estava evoluindo bem rapidamente.

Lembro da Enfermeira da Equipe Quatro Apoios chegando e de que eu não conseguia me expressar em palavras. Ela queria me avaliar e eu simplesmente não conseguia nem responder. Lembro de sussurrar: “vai nascer”. Eu estava ajoelhada no chão com os cotovelos apoiados em um banquinho (em quatro apoios, feliz coincidência!) com a água do chuveiro quentinha caindo sobre a lombar. Isso ajudava muito naquele momento.

Não tinha mais espaço de tempo entre uma contração e outra. A dor era forte, contínua, quando parecia que ia acabar, começava de novo. E quando pensava que não aguentava mais de tanta dor, vinha outra contração mais forte e com pressão. Eu sentia a Isis muito ativa em todo esse processo, dentro de mim acontecia uma conexão espiritual muito forte, uma experiência ímpar, que sinceramente, desejaria para todas as mulheres. Estávamos completamente conectadas e trabalhando juntas, mãe e filha.

Senti os puxos e a vontade de empurrar, o Handerson estava levando a Luana, que tinha acabado de acordar pra casa da minha mãe, onde nossa filha mais velha já estava, ao lado da nossa casa.

“Ci, tá nascendo! Aaaaaiiiiiii… voltou” – ela foi até a porta avisar o Handerson que já estava nascendo. Senti a cabecinha dela vindo e voltando mais 2 vezes, trabalhando muito o períneo, até que na 4a vez senti ela coroar, o círculo de fogo, a vocalização intensa, deu tempo do papai chegar… e o choro da Isis veio! Esse é um momento que não tem explicação, é só a emoção, o sentir. ?

A 1a sensação daquele serzinho nesse mundo e o nosso com relação a ela!
Cibele a amparou, eu sentei ali mesmo embaixo do chuveiro, no banquinho em que estive apoiada e ela veio pros meus braços. Nem acreditava que tínhamos conseguido de novo o milagre da vida! Instintivamente, sem intervenção nenhuma, de forma natural.

Ela veio direto pro peito, já fez tentativa de sucção, a coisa mais linda do mundo. Quando a Aline chegou (a outra Enfermeira Obstetra da Equipe Quatro Apoios), ela já estava nos meus braços. Não acreditei que era apenas 8h18 da manhã quando ela nasceu. Foi tão intenso, forte, e nunca imaginei que teria um Trabalho de Parto de apenas 5 horas! ?

Logo depois que a Isis nasceu, minha mãe veio para ver como eu estava e ficou perplexa quando viu a bebê nos meus braços já. Empalideceu, sentou, foi amparada, chorou emocionada, pois não fazia ideia de que iria nos encontrar dessa forma, já parida. Não contei sobre o trabalho de parto na madrugada, para não deixar ninguém ansioso. E ela nos encontrou abraçadinhas já, quando teve o primeiro contato com sua neta caçulinha.

Esperamos a descida da placenta, tomei um banho e fui pra minha cama, meu quarto. Fizemos todos os procedimentos de avaliação na mamãe, verificação de laceração (ZERO, uhuul) e depois com a Isis, tudo no nosso quarto, tudo perfeito conosco.

Uma amiga nossa, Sueli, que viria para o nascimento chegou depois que ela já havia nascido e nos auxiliou com as meninas e com a alimentação o dia todo, um anjo. ?

E quando as irmãs vieram para conhecer a caçula, foi uma explosão de fofura, o olhar delas pra irmã recém-nascida foi muito emocionante. O reconhecimento do novo ser na família, o contato com cada um de nós, é um momento muito especial.

Fizemos a benção do cordão para separar a pequena Isis da sua primeira “mãe” “nutriz” e foi lindo, uma celebração de agradecimento. Plantamos a placenta em um local específico no nosso quintal. ?

Minha experiência foi maravilhosa, 100% positiva. Os momentos que temos de dúvida e covardia (quando pensamos que não vamos conseguir suportar), e mesmo a intensidade da dor são muito pequenos diante da grandiosidade que é VIVER esse momento. Estar amparada, segura, consciente de tudo o que está vivenciando e respeitada em todas as minhas decisões.

Todo o acompanhamento pré-natal, durante o parto e o pós parto das enfermeiras do Grupo Quatro Apoios é feito com muita dedicação, muito profissionalismo e, acima de tudo, com muito amor. Só faz confirmar a vontade e a certeza pela escolha certa! ☺

Sou muito grata pelas experiências que a vida me proporcionou, a experiência de ser mãe, por três vezes! E em cada uma delas, viver um momento único, de morte e renascimento, de transformação da mulher que eu era para quem eu me tornei. São as maiores experiências espirituais que já vivi. E a Isis chegou forte, intensa, com muito respeito, no seu tempo, sem nenhum tipo de intervenção e foi recebida com muito amor.